12 jan Produtos piratas na odontologia: como não cair em golpes?
O uso de produtos piratas na odontologia preocupa desde profissionais da saúde até a Anvisa, e não é para menos: 30% dos implantes dentários no Brasil são feitos com materiais falsificados, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (Abimo). Sem falar nas lojas que vendem de forma indevida materiais que vão parar nas mãos até de adolescentes, que criam de forma caseira aparelhos ortodônticos.
Ao contrário dos produtos certificados, os falsificados não oferecem qualquer segurança. Eles não passaram por fase de testes, a matéria-prima provavelmente não é a indicada e o material não é esterilizado. Todos esses pontos são potenciais fatores para que o corpo rejeite implantes e outros procedimentos, além de diversos malefícios, que falaremos adiante.
No conteúdo de hoje, explicaremos melhor o contexto da falsificação de produtos odontológicos e daremos dicas para que você, cirurgião-dentista, consiga identificar quando a compra de um material pode ser sinônimo de risco.
Procedimentos falsos na ortodontia
Qualquer cirurgião-dentista deve lembrar da febre dos aparelhos ortodônticos falsos, em 2012, entre adolescentes. O assunto tornou-se destaque em diversos jornais justamente por ser uma prática perigosa para a saúde bucal dos jovens e que leva a danos irreversíveis, como a perda óssea e, até mesmo, dos dentes.
Em 2014, uma reportagem exibida pelo Fantástico entrevistou jovens que contaram como realizavam “a manutenção” dos aparelhos falsos, e isso incluía desde cerdas de vassouras até cola instantânea.
O caso clínico “Exercício ilegal da ortodontia e suas consequências clínicas” apontou que um paciente que fazia uso dos aparelhos falsos desenvolveu perda óssea e periodontite crônica generalizada severa.
Encontrar dicas na internet sobre como aplicar esses aparelhos não é difícil: basta pesquisar no YouTube para rapidamente achar vídeos caseiros de jovens aplicando nos dentes diversos tipos de materiais que sequer são utilizados na odontologia.
Em março de 2021, o Conselho Regional de Odontologia do Mato Grosso do Sul divulgou uma nota em alerta à venda de materiais falsificados, o que novamente faz cirurgiões-dentistas estarem atentos aos pacientes que estejam fazendo uso dessa prática.
Próteses com materiais falsificados
Mais de 350 mil peças e componentes já foram apreendidos pela Anvisa em todo o país em 2016, como informa a campanha antipirataria da Dentsply Sirona.
Desde 2016, a Anvisa, a Abimo e a Polícia Federal atuam na Operação Fake, que tem o objetivo de fiscalizar empresas suspeitas de fabricar implantes dentários falsificados. No mesmo ano, três fábricas clandestinas foram fechadas, além de duas clínicas odontológicas interditadas.
Em 2018, um total de 75 milhões de implantes piratas foram apreendidos em São Paulo, Goiânia e João Pessoa. Esses materiais eram distribuídos por todo o Brasil e, até mesmo, para países estrangeiros.
Para o paciente, o uso desses materiais pode gerar proliferação de bactérias, inflamações, infecções, perda dos implantes e massa óssea, além de impossibilitar a reabilitação da região.
Réplicas de kit acadêmicos
Os kits acadêmicos também são alvo de falsificação. É possível encontrar réplicas de marcas renomadas no mercado, que podem atrair universitários devido aos preços mais baixos.
Vale ressaltar que o kit acadêmico de procedência desconhecida oferece riscos para pacientes, assim como para dentistas, já que não garantem a qualidade que as marcas oficiais oferecem.
Como evitar produtos piratas?
Se você chegou até aqui, talvez esteja se perguntando como evitar a compra de produtos piratas na odontologia, afinal, não há como negar que algumas falsificações podem ter aparência muito parecida, o que pode gerar enganos.
1. Compre de lojas com procedência
A primeira dica é ter um fornecedor de confiança. Ao invés de preferir comércios desconhecidos, o melhor é apostar naqueles que já têm experiência de longa data no mercado, que são transparentes, disponibilizam informações claras, fornece nota fiscal das mercadorias, têm CNPJ e que trabalham com marcas renomadas.
2. Duvide de preços muito baixos
Preços baixos podem ser muito atraentes, mas, quando falamos de material odontológico, vale a pena duvidar, especialmente se eles estiverem muito mais baratos do que na concorrência.
Materiais de qualidade são um investimento e, em hipótese alguma, devem ser vistos como gastos desnecessários. Um bom produto é decisivo no resultado final e, consequentemente, na satisfação do seu paciente.
Não adianta comprar materiais com preços extremamente baratos se os seus clientes estão insatisfeitos e não desejam voltar ao seu consultório — ou pior, criticam o seu trabalho para amigos, familiares e conhecidos.
3. Pesquise a origem e o fabricante do produto
Pesquisar é fundamental, especialmente quando você pensa em comprar de outras marcas, fabricantes e lojas. Para não cair em golpes, é crucial entender quem é o fornecedor, verificar se existem avaliações negativas a respeito e tentar encontrar relatos de experiências de outros profissionais.
No caso dos implantes, por exemplo, é obrigatório que eles venham embalados individualmente, esterilizados e com informações sobre como isso foi feito, número de registro, etiquetas de rastreabilidade e informações dos fabricantes.
Outro ponto importante é verificar se os produtos têm certificado da Anvisa e de órgãos competentes.
Evitar produtos piratas na odontologia é, portanto, um cuidado crucial para desempenhar de forma correta os procedimentos em pacientes, além de garantir o bem-estar e a saúde dessas pessoas.
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